Uma nova preocupação começou a rondar os produtores de suínos no Brasil. Em julho, foram identificados casos de febre suína africana, doença mortal para porcos, no continente americano.
A Peste Suína Africana (PSA) é uma doença altamente contagiosa, causada por um vírus composto por DNA fita dupla, pertencente à família Asfarviridae. A doença não acomete o homem, sendo exclusiva de suídeos domésticos e asselvajados (javalis e cruzamentos com suínos domésticos).
A PSA tem sido observada desde o início do século 20 no sul e leste africanos e inicialmente era caracterizada pelos aspectos clínico-patológicos semelhantes à peste suína clássica (PSC). No entanto, posteriormente foi observado que as duas enfermidades são distintas. A suspeita inicial da enfermidade baseia-se principalmente na observação dos sinais clínicos de doença hemorrágica, porém o uso de técnicas laboratoriais, como as moleculares, é imprescindível para a confirmação do diagnóstico.
Caso registrado na República Dominicana
A doença foi registrada na República Dominicana no dia 29 de julho. O diagnóstico foi feito pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) e, após a confirmação, o país notificou à Organização Mundial da Saúde Animal (OIE).
Providências para que a Peste Suína Africana não chegue no Brasil
Segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), a notícia sofre o foco na República Dominicana acendeu um alerta no setor produtivo de suínos do Brasil para a intensificação dos cuidados preventivos contra a enfermidade. Conforme a entidade, os rígidos procedimentos de biosseguridade adotados pelo setor produtivo foram atualizados e divulgados aos associados pela diretoria técnica, com foco especial na movimentação intrassetorial de pessoas. A preocupação, agora, é com o reforço da exigência do cumprimento de quarentena para brasileiros e estrangeiros que atuam direta ou indiretamente no setor produtivo, e que estejam retornando ao Brasil.
Ao mesmo tempo, foi reforçada a campanha “Brasil Livre de PSA” — www.brasillivredepsa.com.br —, iniciativa da associação focada especificamente nos suinocultores brasileiros. A campanha traz alertas contra a visitação nas granjas, e indica cuidados para minimizar as chances da circulação da enfermidade no País.
Em caráter emergencial, a entidade também convocou o Grupo Especial de Prevenção à Peste Suína Africana (Gepesa) — formado por técnicos e especialistas das organizações associadas — para a discussão de novas ações no âmbito privado, em suporte ao trabalho de defesa agropecuária desempenhado pelo Ministério da Agricultura.
O que a peste suína africana causa nos porcos?
O período de incubação (em geral de 4 a 19 dias) e a severidade da doença estão relacionados a diferentes fatores, como, por exemplo, à virulência da cepa viral, à via e dose de infecção e ao status imune do hospedeiro. A doença se caracteriza principalmente por sua forma hemorrágica. Todavia, as manifestações clínicas variam de uma doença hiperaguda a crônica, além da ocorrência de animais portadores.
Na forma hiperaguda, ocorre morte súbita com poucos ou nenhum sinal clínico. A forma aguda é caracterizada por febre alta (40ºC a 42ºC), perda de apetite, letargia, hemorragias na pele (especialmente nas orelhas e flancos) e órgãos internos e alta taxa de mortalidade em 4 a 10 dias. Cepas menos virulentas ocasionam sinais clínicos leves e muitas vezes inespecíficos – febre ligeira, apetite reduzido, depressão, sinais respiratórios e aborto – que podem ser prontamente confundidos com muitas outras enfermidades em suínos e podem não levar à suspeita de PSA.
Animais que se recuperam de infecções se tornam portadores do vírus, constituindo os maiores problemas no controle da doença.