A sala hospital é um local apropriado e separado das outras instalações, destinada a tratar os animais doentes da granja. Este ambiente auxilia diretamente no controle de mortalidade de suínos e também torna mais rápido o processo de recuperação.
Segundo estudos do Embrapa Suínos e Aves, experiências práticas indicam uma taxa de recuperação que pode chegar até 80%, com significativo retorno econômico para o produtor.
A sala hospital nada mais é do que baias separadas onde são colocados os animais que precisam de recuperação. O alojamento deve contemplar as seguintes categorias de suínos: leitões de creche, suínos de crescimento e terminação e opcionalmente reprodutores.
Por que usar a sala hospital?
Os suínos doentes quando deixados na mesma baia, sofrem competição e são intimidados pelos companheiros. Nessas condições eles têm poucas chances de recuperação, mesmo que sejam medicados individualmente. Também, suínos doentes sob o estresse que sofrem na baia de origem, potencialmente excretam mais agentes patogênicos, facilitando a disseminação da doença entre os companheiros de baia.
A separação destes animais numa sala hospital, com menor densidade animal e ambiente mais confortável, além de propiciar maior chance de recuperação, auxilia na prevenção e disseminação da doença no rebanho.
Cuidados para montar a sala hospital
A sala hospital deve fazer parte da granja e pode ser construída no interior da cerca periférica de isolamento, porém respeitando uma distância de 10m da mesma. O local dessa instalação deve ser seco, com boa insolação e do lado oposto aos ventos predominantes. Opcionalmente a sala hospital pode ser anexa a outra instalação, porém com parede cega e área de circulação independente.
Deve ser o local mais higiênico e confortável da granja, ser livre de correntes de ar, ter um ambiente térmico que satisfaça as exigências dos animais, ter boa higiene, permitir limpeza adequada e desinfecção das baias. A seguir são listadas algumas recomendações vinculadas às características dessa instalação:
- O piso deve ser bem drenado, aquecido ou revestido com espessa camada de maravalha ou em cama sobreposta com 50 cm de altura;
- Instalar uma caixa d’água exclusiva para a sala hospital, para facilitar a adição de medicamento na água dos animais;
- Cada baia deve dispor de um bebedouro e um comedouro de fácil acesso pelos suínos;
- Os comedouros devem permitir o fornecimento de pequenas quantidades de alimento duas vezes ao dia, para não deixar sobras de alimento (preferencialmente não devem ser automáticos ou semiautomáticos)
Além disso é necessário atender a questões de biossegurança, como:
- Uso exclusivo de materiais de limpeza
- Seringas e agulhas para medicações
- Cachimbo para conter os suínos e calçados para o operador
- Recomenda-se a instalação de um sistema de nebulização que permita fazer desinfecções aéreas
Como calcular a capacidade da sala hospital na granja de suínos
A quantidade deve ser em média 8% de leitões desmamados. Em uma unidade de terminação com produção em lotes e vazio sanitário, a sala hospital deve permitir o alojamento de 6 a 8% dos suínos alojados. Se na sala hospital for considerada também o alojamento de reprodutores doentes, é preciso considerar também lugares individuais para alojar cerca de 2 a 4% de reprodutores do plantel.
Manejo da sala hospital
Suínos comprometidos necessitam ser removidos da baia original tão logo nota-se que eles estão sendo hostilizados ou agredidos pelos companheiros da baia e sofrem para terem acesso à água ou ração ou à área de descanso.
Na inspeção das baias e constatação de algum suíno doente, pode se tomar como procedimento:
- Identificar o animal com bastão marcador, spray ou pelo brinco ou mossa;
- Examiná-lo cuidadosamente;
- Tomar a temperatura retal (normal 38,6°C a 39,5°C);
- Verificar a frequência respiratória com o animal deitado (normal 25 a 30 vezes/minuto numa temperatura ambiental de 20°C);
- Se necessário, tratá-lo de acordo com protocolo estabelecido pelo veterinário;
- Analisar o ambiente (conforto, competição) e decidir se ele pode ficar na baia ou se é necessário removê-lo para a sala hospital imediatamente;
- Examiná-lo duas vezes ao dia, com tomada da temperatura retal, e havendo necessidade removê-lo para a baia hospital.
Na sala hospital:
- Os suínos devem ser examinados duas vezes ao dia;
- As baias devem estar secas, limpas, quentes e com boa cama no local de descanso;
- Apenas uma pessoa deve cuidar dessa instalação (preferencialmente a mesma que cuida do crescimento-terminação);
- A água deve ser limpa e estar disponível em bebedouro adequado;
- Fornecer ração duas vezes ao dia em pequenas quantidades, após retirar as sobras;
- Manter um sistema de registro das medicações realizadas e dos destinos dos animais tratados nesta sala;
- Se o problema for entérico fornecer ração com no máximo de 16% de proteína bruta e se necessário medicada sob orientação veterinária.
Recuperação dos suínos na sala hospital
O tempo médio de recuperação de suínos de creche e crescimento- terminação na sala hospital é de quatro dias, mas muitos leitões podem levar de 1 a 3 semanas, dependendo do problema patológico, do estado em que o animal se encontra e, principalmente, do cuidado e tratamento individualizado fornecido pelo produtor.
Vale salientar que para o sucesso na recuperação dos suínos doentes na sala hospital, além do ambiente adequado a ser fornecido, é essencial seguir orientações de tratamento medicamentoso correto, orientado por veterinário.
Para suínos com dificuldade de locomoção, deve-se prever o fornecimento da água diretamente na boca, utilizando garrafa plástica ou mangueira. A hidratação é fundamental na recuperação de suínos doentes. Quando necessário, se deve fornecer aquecimento extra e/ou usar abafadores nas baias para manutenção da temperatura de conforto.
Para reduzir a contaminação local e reduzir as chances de disseminação do problema para outras instalações da granja, é importante realizar desinfecções da sala (com aparelho costal ou nebulizadores automáticos ou atomizadores) 2 a 3 vezes por semana.
Os suínos recuperados, dependendo da disponibilidade de baias, podem ser mantidos até o peso de abate (cerca de 100 kg) ou serem comercializados, após expirado os períodos de carência dos medicamentos utilizados. Aqueles que não apresentarem melhora clínica em três dias, o tratamento deve ser modificado sob orientação do veterinário, ou caso não tenham chance de recuperação devem imediatamente ser eliminados (sacrifício humanitário) e destinados para um sistema de compostagem de carcaças.
Fonte: Circular Técnica da Embrapa Suínos e Aves sobre Boas Práticas de Produção de Suínos